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Primeira Mostra de Teatro Anderson Bosh, valoriza premiado artista campo-grandense e drag mais antiga em exercício de MS

Após 28 anos de carreira o campo-grandense, Anderson Bosh, aos 47 anos de idade, que atua também em São Paulo…

31 out 2019 às 10h30 |

Após 28 anos de carreira o campo-grandense, Anderson Bosh, aos 47 anos de idade, que atua também em São Paulo e Goiás, promove a partir dessa sexta-feira (1 de novembro) a 1° Mostra de Teatro Anderson Bosh, que deve percorrer os meses de novembro e dezembro, com inúmeras apresentações de seus trabalhos em que age como diretor, ator, maquiador, cenógrafo, figurinista e muito mais.  

Ao apresentar seu currículo, muitos questionam de onde vem a versatilidade. O artista contou que é fruto de um carreira pautada no estudo. Segundo Bosh, seu trânsito pelas várias linguagens artísticas, se dá pela longa formação artística e cultural. 

Fotos: Vaca Azul

Campo-grandense, ainda antes da divisão do Mato Grosso, explicou que vive apenas da arte e que tudo começou ainda quando criança. “Iniciei minha trajetória nas artes ainda criança, no ginasial [ensino fundamental], na dança, e dali fui convidado para substituir um ator mirim no teatro e nunca mais saí”, detalhou.  

Bosh terá longa agenda de apresentações nos próximos meses. Uma das figuras mais requisitadas pelos produtores culturais de MS, contou um pouco da sua trajetória. Que segundo ele, começou na escola, no Maria Constança ao lado de Paula Gamper, trabalhou no grupo teatral Molière. “Essa foi minha primeira experiência profissional”, atenuou.  

Foto: Laila Pulchério

Acadêmico na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Bosh, desenvolveu pesquisa sobre arte drag, a partir de performances criadas por ele mesmo, enquanto estudava dança no Grupo Performático, Dança Monopólio e Alface Negra (hoje Grupo Ubu). 

Dentro da UFMS, o artista criou e desenvolveu projetos culturais de artes cênicas além de ter contribuído às criações de cursos de ensino superior públicos para formação de profissionais do teatro. 

Após sua graduação em Educação Artística e Artes Plásticas, buscou complementação em Artes Visuais na UFMS e complementação curricular em Direção Teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois, veio a complementação em Direção Teatral no Colégio de Artes de Laranjeiras – CAL; RJ, emplacou ainda uma especialização em Circo, na Escola Nacional de Circo – RJ. Mais tarde, especializou-se também em cinema, agora na Faculdade Cambury, quando se relacionou com Goiás pela primeira vez. Segundo Bosh, local onde também iniciou o mestrado em teatro.  

Para além de um currículo, as obras é que marcam a figura de Anderson Bosh em MS. Trazendo todas as suas vantagens artísticas, passeando pelas várias áreas da dramaturgia, ele explicou que até mesmo assessoria em assuntos carnavalescos ele domina, além de encarar a sala de aula. “Trabalho como artista visual, escritor dramaturgo, diretor e encenador de teatro, circo e dança, maquiador, figurinista, cenógrafo, palhaço, mestre de pista/apresentador, drag Dj, night performer, orientador de passarela e assessoria em assuntos carnavalescos”, contou.  

Bosh menciona também que em sua vida já foi até cantor de banda universitária. Foi professor de extensão em teatro da UFMS, Professor do curso de Preparação de Atores do centro Cultural José Octávio Guizzo da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul; Professor do curso de Teatro Circo do Centro Cultural Martim Cererê da AGEPEL, em Goiás e professor e coordenador pedagógico da Escola de Teatro de Anápolis – GO.  

Apesar de toda a caminhada, muitas vezes, dá-se ao artista o título do “surgiu do nada”. Bosh, por sua vez promove com seu primeiro festival de teatro, uma valorização de suas obras e de sua trajetória.  

Atualmente, ele contou que além de trabalhar em prol de suas produções de espetáculos, também ministra cursos de dramaturgia. “De direção, interpretação, corpo, figurino, maquiagem, cenários e carros alegóricos, passarela e cenogenia”, pontuou. 

Destacam-se em seu trabalhos no teatro “31 de Fevereiro” e “Dois Pedaços por Um Desejo”, considerados pelo Professor, Clovis Levi (UNI Rio e Cal) a chegada da cena nova em MS e um divisor de águas para o teatro do estado, declarado em cena aberta no Prêmio Universitário ao Teatro – Brasil 96.

Estes espetáculos foram financiados pela UFMS, através da Coordenadoria de Cultura e Desporto, da qual o grupo era ligado e projeto permanente. “Foi o Prof. Richard Perassi, então gestor da CCD, que me deu ouvidos, crédito, incentivo e apoio para a realização de todos os meus projetos na UFMS. Um amigo e um Mestre”, lembrou. 

Circo Novo

Desligado da UFMS, Bosh iniciou suas montagens, em seu primeiro, optou por fazer algo para o infantil, montando: “O Feitiço da Chuva que alagou Vila Verde a cidadela da mata onde moram os Trapeados”, espetáculo que foi sucesso de público e recorde de bilheteria. A partir dessa obras, o artista também externou sua vontade de trabalhar com a palhaçaria.  O quer lhe rendeu o convite para ser um membro do Centro Brasileiro Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ). “É foi também o que me levou para Escola Nacional de Circo junto com meu grupo”, diz Bosh.

Carlos Cavalcanti, diretor de circo da Fundação Nacional de Artes (Funart) e Stanley Wibb do Centro de Artes Cênicas, foram os contatos que viabilizaram a ida de Anderson Bosh, para os estados de Mato Grosso e Goiás. “Eu os conheci por conta dos tramites de realização e apoio aos festivais de teatro que eu coordenava em MS, que na última edição teve a participação do circo através do Lume – SP, estreitei laços e diálogo e firmei acordo de difundir o então chamado circo novo, de troupe e sem lona”, salientou. 

A história de Bosh, se confunde também com a história do desenvolvimento do estado. Após o período no Rio de Janeiro, o artista retornou para MS, onde ao lado dos colegas, Mauro Guimarães, Ulisses Nogueira e Marcelo Silva em MS, além de Jean Passos em GO, passaram a investigar o circo e suas peculiaridades.  

O resultado das pesquisas foi a montagem do espetáculo: “O Circo do Pé de Árvore” em MS (do Circo Atro Mínimo, hoje Circo do Mato), e os cursos de teatro e circo no centro cultural Martin Cererê, AGEPEL – GO, e posteriormente a direção do espetáculo aéreo de circo “Viver Como Quem se Arrisca” também em Goiânia GO. “Ainda em Goiânia fizemos projetos de minha autoria no extinto Centro de Estudos e Tecnologias Teatrais, realizamos o festival Internacional de teatro Goiânia Em Cena, para o qual nunca ironicamente nunca fui convidado!”, expressou.  

Obras premiadas 

Com escrita peculiar, na dramaturgia Anderson ocupa lugar privilegiado. As obras “Uma Moça da Cidade”, “Pelega e Porca Prenha na mata do pequi”, premiados e realizados em várias temporadas e histórico de circulações nacionais através de mecanismos como os Prêmios Funarte EnCena Brasil; Prêmio Funarte Petrobrás de Circulação de Espetáculos, e, uma dezena de aprovações em leis de incentivo à cultura e festivais, foram as vitrines para o universo nacional dos espetáculos. “Realizamos com eles nossas primeiras temporadas nacionais em MS, MT, GO e RJ. No ano passado, “Uma Moça da Cidade” perfez três meses de temporada na capital paulistana a convite da Secretária de Cultura de SP”, comemorou.

No cinema 

Apesar de ocupar vasto espaço no teatro, a capacidade de reverberação da arte praticada por Bosh, ocupou o cinema, em “Cidade dos Homens” de Fernando Meireles e Regina Casé, no Filme “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles e do seriado “Natasha” de Thiago Rotta, entre diversos outros curtas e média metragens, que fazem parte das experiências acumuladas pelo artista.  

Além disso, na literatura, ele tem: “Panorama histórico do circo em MS”, escrito e concebido por meio do Prêmio FUNARTE Carequinha de estímulo ao Circo e “Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi”, que foi classificada em 1° lugar no Prêmio FUNARTE – Nacional de Dramaturgia de 2003 – região Centro-Oeste, e 1° lugar no ranking nacional, que me legitimou a finalista no Prêmio Internacional de Dramaturgia em Portugal em 2004. “Posteriormente essa obra teve montagens em MS, DF, RJ, SP e MG, concomitante com o texto “Uma Moça da Cidade” que foi montado nos estados de MS, SP e RJ e assim por dois anos consecutivos”, com isso Anderson passa a ocupar outro lugar de destaque artístico em MS, se tornado o autor vivo mais encenado do país, somando 19 textos teatrais publicados e encenados.  

“Tenho a honra de ter sido citado com meus trabalhos nas pesquisas de mestrado da artista docente Aline Duenha, e das professoras universitárias Joana Zwarg Durand e Marly Damus da UFMS”, observou.

Artes plásticas e a censura 

Apesar de ocupar tantos espaços, o artista campo-grandense também demostrou sua marca no ambiente as artes visuais, na ocasião diz ter se calado após ter obras censuradas na Capital. “Dediquei-me aos objetos, instalações e performance prioritariamente, com os quais participei de algumas exposições coletivas e fui selecionado para o extinto Salão Sul-mato-grossense de Artes Visuais, no entanto realizei algumas exposições de acrílico sobre tela no extinto centro cultural do Banco do Brasil de Campo Grande, onde teve obra censurada pois retratava a sexualidade humana e suas vertentes, parte da minha pesquisa de carreira sobre arte drag. Desde então calei-me para as artes visuais publicando sazonal e esporadicamente alguns desenhos da coleção “Demiurgia” em plataformas digitais”, disse Bosh.

No cenário carnavalesco de Campo Grande, ocupou lugares de foram de figurinista a curador.  

Mas nas noites, em baladas descobriu o que viria a ser uma das suas maiores paixões no seguimento artístico. “Atuo como Dj Drag Queen e Night Performer. Foi na arte drag que descobri a vocação para as artes cênicas e iniciei a pesquisa do que até hoje tem se consubstanciado a matéria prima de todas as minhas criações em arte, desde seu conteúdo até suas tecnologias”. 

Anderson também se considera a drag mais antiga em exercício em Campo Grande, segundo ele, atuado os completos 28 anos de carreira. “Minha pesquisa sobre a arte drag, que propõe conteúdo e tecnologias para o fazer das práticas cênicas através da “Teoria do Teatro Errado” é objeto de pesquisa do meu mestrado e tecnologia de todas as minhas montagens cênicas”, disse.

Política culturais 

Participa efetivamente de coletivos e fóruns de ação para políticas públicas culturais para o teatro, circo, dança, artes visuais e literárias. Um marchador. Visivelmente embebido pelo seu fazer artístico com múltiplas possibilidades, ele explicou também que a realização da 1ª Mostra de Teatro Anderson Bosh, é um presente a si pela sua dedicação. “Um carinho, de amigos e um elogio para que eu continue fazendo”, finalizou.

Cronograma 

De 01 a 03 de novembro 

“Poesias do Ar Cênico” – autoria, direção e encenação e direção de arte-figurinos, maquiagem, cenário, uma produção conjunta dos coletivos Grupo UBU e Circo do Mato, na temporada de espetáculos do aniversário de 15 anos do Circo do Mato. 

O Cenário desse espetáculo é uma instalação de artes visuais de Bosh, que ambienta a encenação do espetáculo, mas pode ser apreciada separadamente como instalação. Nome da instalação: “O Pulso pra pulsar em mim é preciso buscar na lembrança meus tempos de criança, minha insanidade verdadeira, ali ele pulsa e vive” da série de instalações “O verde de dentro de cada um no marrom das coisas”.  

Local: teatro de bolso do Circo do Mato

Horário: 20h

Valor: R$40,00

De 06 a 17 de novembro 

“Do Bem Amado”, Anderson Bosh assina direção, encenação, direção de arte-maquiagem, uma produção com o Grupo Teatral Fulano di Tal. 

Local: Átrio do SESC Cultura MS

Horário: 20h

Valor: Gratuito 

De 9 a 10 de novembro

 “Uma Moça da Cidade”, Anderson Bosh assina: autoria, direção e encenação, interpretação e direção de arte-figurinos, maquiagem, cenários, objetos, iluminação e música, com o Grupo UBU na temporada de espetáculos do aniversário de 15 anos do Circo do Mato. 

Local: teatro de bolso do Circo do Mato

Horário: 20h

Valor: R$40,00

Dia 16 de novembro

“Uma Moça da Cidade” 

Apresentação no Festival América do Sul, em Corumbá.  

Local: praça de ventos do FASP em Corumbá

Horário: 19h

Valor: Gratuito

Dia 17 de novembro 

 “Navegantes”, espetáculo do Grupo Flor do Cerrado, o qual Anderson Bosh assina direção de arte-figurinos, maquiagem, cenários, objetos. Também será apresentada no Festival América do Sul 2019.  

Local: praça de ventos do FASP em Corumbá

Horário: 17h

Valor: Gratuito

De 30 de novembro a 02 de fevereiro (finais de semana)

“João e o Pé de Feijão na Terra do Nunca”, Anderson Bosh assina a autoria, direção e encenação, direção de arte-figurinos, maquiagem, com o Circo do Mato, na temporada de espetáculos do aniversário de 15 anos do Circo do Mato. 

Local: teatro de bolso do Circo do Mato

Horário: 18h

Valor: R$40,00 

(Com Assessoria)