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Cultura

Campo Grande recebe exposição sobre a corumbaense Carmen Portinho, patrona do urbanismo no Brasil

Carmen dirigiu o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1952-1978), além de coordenar as obras da sede da…

22 maio 2025 às 08h01 | Redação

No dia 27 de maio, às 19h, será realizada a abertura da exposição “Carmen Portinho: pioneira do urbanismo no Brasil”, na Casa de Cultura, pela primeira vez em Campo Grande.

A exposição itinerante tem como foco a trajetória da urbanista e teve sua primeira edição realizada no Edifício Jorge Machado Moreira, na Cidade Universitária, sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ (FAU/UFRJ), inaugurada em outubro de 2024.

A iniciativa de trazer a mostra para a capital do estado onde Carmen Portinho nasceu é do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso do Sul (CAU/MS), em parceria com o IAB/MS (Instituto de Arquitetos do Brasil – Dpto MS), IAB-RJ (Instituto de Arquitetos do Brasil – Dpto RJ) e o Núcleo de Desenvolvimento e Pesquisa (NPD) da UFRJ.

A mostra partiu da tese de doutorado em urbanismo “Gênero e produção de habitação social: uma perspectiva para o planejamento urbano a partir do pensamento de Elizabeth Denby, Carmen Portinho, Margarete SchütteLihotzky e Catherine Bauer”, da presidente do IAB-RJ, Marcela Abla, na FAU/UFRJ.

A autora da tese e curadora Marcela Abla destaca que o trabalho é um tributo a uma mulher que, à frente de seu tempo, deixou marcas profundas na cidade e na história do urbanismo. “A mostra apresenta projetos de arquitetos renomados, desenvolvidos sob a direta supervisão de Carmen Portinho, conforme princípios que considerava inalteráveis: bem-estar social, melhores condições habitacionais, uma cidade justa e, principalmente, a independência feminina”. 

Marcela complementa que a realização desta exposição na terra natal de Carmen reforça a importância de valorizar e divulgar o legado de uma das pioneiras do urbanismo no Brasil.

Carmen Portinho é uma das responsáveis pela introdução do conceito de unidade de vizinhança no País. Junto com o seu companheiro, o arquiteto Affonso Eduardo Reidy, liderou diversos projetos de habitação popular, como o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho; Marquês de São Vicente (projetos de Affonso Eduardo Reidy), Visconde de Santa Isabel e de Paquetá (projetados por Francisco Bolonha).

Carmen dirigiu o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1952-1978), além de coordenar as obras da sede da instituição. Também esteve à frente da Escola Superior de Desenho Industrial (1967-1988). De 1988 a 2001, foi assessora do Centro de Tecnologia e Ciências da UERJ.

Legado

Filha de pai gaúcho e mãe boliviana, Carmen Velasco Portinho nasceu em Corumbá (MS), em 26 de janeiro de 1903, e foi para o Rio de Janeiro com a família aos oito anos de idade. Formou-se em engenharia civil em 1925, na Escola Politécnica da antiga Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro). Depois de formada, ingressou no quadro técnico da Diretoria de Obras e Viação do Distrito Federal.

Em 1936, iniciou sua pós-graduação no curso de urbanismo e arquitetura da Universidade do Distrito Federal. Concluiu o curso em 1939, quando se tornou a primeira mulher urbanista do país, defendendo a tese “anteprojeto para a futura capital do Brasil, no Planalto Central”.

Além de atuar na vanguarda do urbanismo, Carmen foi uma das lideranças do movimento sufragista, que defendeu o direito das mulheres ao voto, conquistado em 1932. Em 2022, a Lei 14.477 declarou Carmen Velasco Portinho patrona do urbanismo no Brasil. A urbanista faleceu em 2001, aos 98 anos, no Rio de Janeiro.

Serviço
Exposição Carmen Portinho: pioneira do urbanismo no Brasil
De 27 de maio a 11 de julho de 2025
Local: Casa de Cultura de Campo Grande: Avenida Afonso Pena, 2270, Centro.
Visitação gratuita de segunda a sábado, das 9h às 18h.

Por Stephanie Ribas, coordenadora de comunicação do CAU/MS (com informações do IAB-RJ e Agência Senado)