Editorial: A Falta de Empatia: O que está acontecendo conosco?
Editorial desta terça-feira
Vivemos tempos de avanços tecnológicos e conexões instantâneas, mas, paradoxalmente, a empatia parece estar em declínio. O que deveria nos aproximar muitas vezes nos distancia, e as telas que conectam também criam barreiras invisíveis. Por que, em uma era de tanta comunicação, estamos tão desconectados uns dos outros?
A empatia, essa habilidade de se colocar no lugar do outro, está sendo atropelada por um mundo cada vez mais individualista. Talvez seja a pressa cotidiana, a sobrecarga de informações ou a busca incessante por sucesso pessoal que nos faz esquecer o básico: todos somos humanos, carregando nossas dores, medos e esperanças.
Redes sociais, em vez de promoverem diálogos construtivos, frequentemente se tornam palcos de julgamento e polarização. Atrás de uma tela, o outro deixa de ser alguém com sentimentos e se transforma em alvo de críticas ou indiferença. Na vida offline, as coisas não são muito diferentes. Basta observarmos como as pessoas lidam com situações de vulnerabilidade: um pedestre ignorado na faixa de pedestres, um idoso lutando para atravessar a rua, ou alguém chorando em público sem receber sequer um olhar de compaixão.
A falta de empatia não é um problema apenas moral, mas também social. A indiferença diante do sofrimento alheio alimenta desigualdades, perpetua injustiças e enfraquece laços comunitários. Sem empatia, o tecido social se desgasta, e o “nós” dá lugar ao “eu”.
Mas há esperança. Reconectar-nos com a empatia é um esforço diário, que começa com pequenos gestos: ouvir sem julgar, oferecer ajuda, demonstrar interesse genuíno pelo próximo. Afinal, todos nós já enfrentamos momentos em que um ato de bondade inesperado fez toda a diferença.
Talvez a pergunta certa não seja “o que está acontecendo com as pessoas?”, mas “o que eu posso fazer para mudar isso?”. Pequenas atitudes têm o poder de reacender a chama da empatia em um mundo que tanto precisa dela. Que possamos, juntos, lembrar que ser humano é, acima de tudo, sentir com o outro.