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Editorial: Cultura em Xeque – Reflexão sobre o episódio da Rua 14 de Julho

Editorial desta quarta-feira

04 dez 2024 às 07h00 | Redação

Imagem ilustrativa | Movimento noturno na 14 de julho (Reprodução)

No último domingo, a Rua 14 de Julho, um dos principais símbolos da revitalização do centro de Campo Grande, foi palco de uma situação que levanta sérias questões sobre como a cultura é tratada em nossa cidade. A ação policial que resultou no fechamento de um bar e no encerramento de um evento cultural não é apenas um episódio isolado, mas um reflexo de como as atividades culturais ainda enfrentam obstáculos significativos para florescer.

É lamentável que, em vez de promover o diálogo e a conscientização, a resposta seja a repressão. Eventos culturais são muito mais do que momentos de lazer; eles representam oportunidades de expressão, inclusão social e desenvolvimento econômico. Cada bar, cada apresentação artística, cada aglomeração de pessoas em torno da arte significa mais do que um encontro: são pequenos alicerces para a construção de uma cidade mais viva e criativa.

Por que, então, continuamos a tratar a cultura como um problema, e não como parte da solução? O setor cultural é fundamental para qualquer sociedade que aspire ao progresso. Ele enriquece a economia, promove o turismo, gera empregos e, mais importante, forma cidadãos conscientes e conectados com sua identidade local.

Em um momento em que Campo Grande precisa, mais do que nunca, de iniciativas que unam a população, episódios como o de domingo deixam um gosto amargo. Por que não transformar esse tipo de intervenção em uma oportunidade de construir pontes? Policiais, organizadores de eventos e autoridades municipais poderiam trabalhar juntos em estratégias de conscientização que atendam às necessidades de segurança e convivência sem sufocar iniciativas culturais.

O que vimos na Rua 14 de Julho não é apenas o fechamento de um bar ou o cancelamento de um evento. É o enfraquecimento de um movimento maior, que luta para tornar nossa cidade mais vibrante e cheia de vida.

Fica a pergunta: até quando? Até quando vamos assistir passivamente à desconexão entre poder público, sociedade e cultura? Até quando permitiremos que iniciativas criativas sejam sufocadas em vez de celebradas?

É urgente repensar as políticas culturais de Campo Grande e adotar medidas que estimulem o setor, em vez de desmotivá-lo. A cultura não pode continuar sendo tratada como uma ameaça. Ela é, e sempre será, uma aliada indispensável na construção de uma cidade melhor para todos.