Uma reflexão sobre os novos rumos da política mundial e seus reflexos no empreendedorismo brasileiro
Vimos há poucos dias durante a posse do presidente americano, Donald Trump, uma cerimônia que surpreendeu e gerou impactos em…
Vimos há poucos dias durante a posse do presidente americano, Donald Trump, uma cerimônia que surpreendeu e gerou impactos em diversos segmentos pelo mundo. Em poucas horas, regras mudaram, leis foram criadas, outras revogadas e novos anúncios foram feitos por parte do governo dos Estados Unidos. Sobre isso, trago aqui uma reflexão.
Em um primeiro olhar parece algo totalmente novo, mas se nos atentarmos com pouco mais de cuidado e buscando na memória, vamos perceber que o republicano decidiu fazer em público o que os milhares de políticos e governos fazem todos os dias pelo mundo a fora. Já que eles transformam de forma substancial a nossa vida cotidiana em sociedade. Alguns efeitos só vão ser entendidos e se apercebidos décadas depois. Ou seja, os reflexos são a curto e a longo prazo.
Tarifas, impostos, patentes e regras de negócio mudam em instantes, gerando grandes oportunidades econômicas para certos grupos e entidades e o inverso também, ou seja, inviabilizando e quebrando certas cadeias econômicas e projetos que até ontem iam bem e teriam grande futuro. Aqui falamos especificamente do mundo dos negócios, do empreender, das atividades empresariais.
A questão é, como viver neste ambiente de negócios tão complexo onde Gestão de Caixa, Planejamento Estratégico, Estudos de Mercado e Produto são soldadinhos de chumbo? É praticamente um jogo de xadrez nível 3 com 10 tabuleiros simultâneos! A gestão tem pouco a oferecer como suporte pró-ativo para cenários assim.
Empresas multinacionais e grandes grupos costumam ter WAR ROOM (sala de guerra) para pensar momentos como pandemia ou eventos disruptivos. São práticas que fazem pensar fora da caixa e de forma ampla a cada passo ou ameaça. Antigamente, os generais durante as guerras, ficavam em acampamentos em lugares mais altos para entenderem o tabuleiro de guerra e mudar suas táticas e abordagens durante a batalha.
Estratégias e os comitês de impacto
O mundo socioeconômico que conhecemos está em guerra permanente e se torna difícil retirar os executivos para a WAR ROOM o dia inteiro todos os dias. É um filme rodando em alta velocidade e no momento em que encontramos uma solução para uma variável nova, outras tantas são modificadas. E por isso é difícil acompanhar esse dinamismo do mundo dos negócios.
Uma alternativa que vem sendo explorada de forma experimental por algumas empresas é a utilização de conselheiros e mentores como reforço no processo de analítico de impacto das oportunidades. Muitas vezes estes são encontros virtuais, com a globalização da comunicação isso foi muito acelerado. São reuniões intituladas de comitês de impacto e que ocorrem pelo menos uma vez por semana. Na pauta, atualizam-se os fatos, variáveis e impactos prováveis, e daí que surgem estratégias de combate para serem implementadas no formato Startup Way, foco na inovação e para ontem!
Desta forma recursos com formação holística (abrangente) e senioridade passam a ser prioridades para os caça-talentos e áreas de recursos humanos das empresas, seja na busca destes conselheiros, seja na reciclagem dos gestores para implementar as estratégias. Pois a implementação no formato Startup Way requer piloto muito sênior que possa medir resultados em tempo real e com baixa estruturação formal dos processos alterados pelas medidas.
Em resumo, profissionais experientes nunca foram tão importantes nos quadros empresariais como nos dias de hoje. Seguimos para um game de pouca conformidade, alterações constantes do ambiente externo de forma geral, necessidades de decidir já ou pagar o preço (quem não decide, já decidiu!). Além disso, há ainda a análise de resultados durante a jornada (não é mais possível esperar a estatística dos fatos).
O navegador experiente virou artigo de desejo das empresas e o risco de morte vale o honorário do médico. Para finalizar, ressalto que estamos presenciando mudanças (novos hábitos), mas ao mesmo tempo retomamos o que já vimos, por exemplo, estão de volta os programas de trainees tão relevantes nos anos 80. Daqui para a frente, precisaremos multiplicar os quadros de gestão para este novo cenário. A tendência é investimento em treinamento no dia-a-dia com a presença de um mentor tutorando os gestores na prática in loco.
*Psicólogo, conselheiro empresarial, consultor, investidor de startups, mentor e CEO da aceleradora Cyklo.