Vozmecê e MC Anarandà trazem fusão de ritmos e ancestralidade ao Som da Concha
Mais uma edição do projeto Som da Concha, no domingo (17), a partir das 18 horas.
A Concha Acústica Helena Meirelles, no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, recebe mais uma edição do projeto Som da Concha, no domingo (17), a partir das 18 horas. No palco, dois talentos musicais de Mato Grosso do Sul: o duo Vozmecê e a rapper indígena MC Anarandà. A entrada é gratuita.
Prometendo uma imersão na diversidade cultural e nas vivências sociais da região, a noite começa com show de lançamento do primeiro álbum do Vozmecê, “TROPICAPOLCA”, e se encerra com a apresentação “Kunã kuera em rima (Mulheres em Rima)” de MC Anarandà, que combina ancestralidade com a pulsante cena do rap.
Criado em 2008 pela FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), hoje vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), o Som da Concha é um projeto dedicado a valorizar e divulgar a música sul-mato-grossense. Pela primeira vez, o evento estende suas apresentações a cidades do interior, ampliando seu alcance e compromisso com a cultura regional.
Vozmecê e a estreia de “TROPICAPOLCA”
O duo Vozmecê, formado pelo casal Namaria Schneider e Pedro Fattori, abre a noite com o show “TROPICAPOLCA: Neotropical do Mato”, marcando o lançamento de seu primeiro álbum, resultado de uma saga nômade e artística por 17 estados do Brasil. Ao longo dessa jornada, o casal morou em uma van, vivendo de apresentações de rua e coletando experiências culturais que agora compõem o espetáculo e o álbum.
“TROPICAPOLCA” é uma fusão musical que mescla gêneros brasileiros como samba, maracatu, MPB (Música Popular Brasileira), axé, carimbó e baião com as raízes fronteiriças de Mato Grosso do Sul e a polca paraguaia. A proposta ainda conta com influências de rock alternativo, que adicionam uma camada global e contemporânea ao som do duo.
Para enriquecer a sonoridade do show, Vozmecê contará com banda composta por Ju Souc na bateria, André Fattori no baixo, Gustavo Gauto no trompete, Ossuna Braza nos teclados, harpa paraguaia, charango boliviano e flauta pífano, além de Paula Fregatto na guitarra. A formação inclui tanto homens quanto mulheres de diferentes faixas etárias e estilos musicais, contribuindo para a pluralidade musical da performance.
Além de inovador, a presença no palco é engajada: as letras das canções abordam temas sociais relevantes como igualdade de gênero, construção da feminilidade, a hegemonia norte-americana e reflexões existenciais, em sintonia com a formação acadêmica e artística de seus membros. Vozmecê já marcou presença em festivais importantes de Mato Grosso do Sul, como o Campão Cultural e o Festival de Inverno de Bonito, organizados pelo Governo do Estado, além de ter recebido o prêmio de Melhor Música Popular no Festival Universitário da Canção com a canção “Tio Sam”.
MC Anarandà e o poder do rap indígena
Logo depois, MC Anarandà apresenta “Kunã kuera em rima (Mulheres em Rima)”, um show que mistura a força do rap com a mística da tradição indígena Guarani Kaiowá. Nascida na Aldeia Guapoy, em Amambai, Anarandà – cujo nome em Guarani significa “Mulher flor brilhante carismática e comunicadora” – canta em português e guarani, utilizando sua voz como ferramenta de resistência e conscientização. Suas músicas autorais ecoam as vozes ancestrais, trazendo ensinamentos transmitidos por sua mãe e avó, ambas rezadeiras tradicionais, e abordam temas como a violência contra as mulheres e a luta dos povos indígenas.
Acompanhada por Kezia Miranda, uma multi-instrumentista que toca violino, violoncelo e flauta, e pelo DJ Magão, Anarandà incorpora sons de ambientes naturais e da floresta ao seu show, criando uma atmosfera sonora que conecta o público às raízes indígenas. A apresentação inclui também a presença da rezadeira Nhadesy Roseli, que abre o show com cânticos e rezas tradicionais, reforçando o elo com a espiritualidade e cultura guarani.
As canções de Anarandà têm cunho social e revolucionário, e a rapper é conhecida por realizar shows e palestras, abrindo espaço para o entendimento e valorização da cultura dos Guarani Kaiowá. Suas letras profundas, como na música “Feminicídio”, denunciam as diversas formas de violência sofridas pelas mulheres indígenas e se tornam um manifesto musical em defesa do seu povo.
Serviço
Som da Concha com Vozmecê e MC Anarandà
Data: domingo, 17 de novembro
Horário: 18h
Local: Concha Acústica Helena Meirelles, Parque das Nações Indígenas – entrada pela R. Antônio Maria Coelho, 5655 – Carandá Bosque – Campo Grande (MS)
Entrada: gratuita